A importância da cognição para a Experiência do Usuário: Atenção.
O que a Experiência do usuário (UX) tem haver com Cognição? Tudo!
Afinal…
“The customer experience doesn’t happen on a screen, It happens in the mind” — John Whalen.
"A experiência do cliente não acontece na tela, acontece na mente"
No meu artigo anterior, sobre Ergonomia Cognitiva, descrevi brevemente o que é Cognição, mas vale a recapitulação…
Cognição, de modo simplificado, refere-se a nossa capacidade cerebral de processar, integrar, analisar e interpretar estímulos. Existem diversas Funções Cognitivas, como a atenção, memória, funções executivas, linguagem, tomada de decisão, entre outras.
Ah, é claro que as experiências não dependem apenas da cognição, elas também são influenciadas pelas emoções, corpo e ambiente, só que isso a gente discute em outro momento ;}
Sabendo o que é a cognição, já fica mais claro a sua relação com a Experiência do Usuário. Para termos uma experiência precisamos de estímulos, que podem ser de diversos tipos como visuais, sonoros, táteis e outros, sozinhos ou em conjunto. Quando falamos do Product Designer que trabalha no desenvolvimento de produtos digitais como sites e aplicativos, o foco maior é nos aspectos visuais e sonoros que podemos criar para fornecer uma boa experiência aos usuários.
E para garantir que os estímulos serão adequadamente recebidos e interpretados, é importante entender um pouco sobre as funções cognitivas, e sobre os usuários. Tendo como base o conceito de Neurodiversidade, ou seja, a perspectiva de que nem todos os cérebros operam do mesmo modo (e ta tudo bem), vamos explorar a importância de desenhar nossos sistemas com a cognição em mente, para gerar produtos mais inclusivos.
Atenção
Um das funções mais básicas e impactantes na experiência do usuário é a atenção, nossa capacidade de focar em um estímulo/elemento enquanto ignoramos outras coisas.
No processo de discovery é importante buscar compreender além de quem são os usuários, qual o contexto e ambiente de uso do produto. Isso envolve investigar questões como, o uso é feito em ambientes barulhentos? Em movimento? Ou em ambientes silenciosos e organizados? Além disso, o uso é feito de modo programado, ou encaixado no dia a dia do usuário? Ele precisa realizar os objetivos num tempo pré-determinado ou ilimitado? Entre outras coisas.
Os pontos citados acima ajudam a direcionar o design para o que precisa ser destacado no produto, em quais momentos, quais ações, e quais tipos de estímulo vão ser mais adequados ao contexto do usuário, para que a atenção dele seja voltada ao que precisa ser executado, evitando o máximo possível erros e frustrações.
O contexto e o próprio dia a dia também podem afetar a atenção. Por exemplo, se eu estou estressada, muito cansada, ou tentando realizar outra atividade em paralelo, vou precisar de estímulos mais fortes e/ou claros para voltar minha atenção a algumas coisas, por mais que sejam importantes para mim. Outro exemplo pode ser de pessoas com TDA/TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção/Hiperatividade), que também podem precisar de estímulos mais fortes e/ou claros para voltarem sua atenção. Portanto, tomar alguns cuidados em relação a essa função cognitiva é benéfico para todos.
E agora vamos de algumas dicas práticas:
- Tenha objetivos claros para os fluxos, e os mantenha o mais simples possível. Um opção é utilizar o formato de "step-by-step" (passo-a-passo);
- Quando necessário inserir textos mais longos, mantenha os parágrafos curtos e objetivos;
- Não utilize elementos que se movimentem se eles não forem o foco;
- Modais auxiliam a direcionar a atenção para questões pontuais e importantes;
- Você pode utilizar cores ou imagens para auxiliar a destacar pontos importantes, lembrando sempre em pensar no contraste, e a relação entre os elementos.
- Avalie o uso de estímulos sonoros, os sons podem chamar a atenção para ações que precisam ser rapidamente respondidas, erros ou outras tarefas importantes.
Além disso, quando você conhece melhor o seu usuário e explora sobre o ambiente e contexto de uso do produto, você pode pensar em outras estratégias benéficas para a atenção.
Espero nos próximos artigos poder abordar outras funções importantes para as pessoas de produtos terem em mente durante o desenvolvimento dos seus projetos.
Referências
